Descontos

Bom dia,

vou responder-lhe honestamente a cada questão, mas por favor não veja as minhas respostas como a verdade; é apenas a minha realidade, a minha decisão que, no fundo, são micro decisões quase diárias, face ao contexto, à saúde (física e psicológica) da minha mãe e os meus receios (justificados ou não).

No fundo, tenho as mesmas dúvidas.


Como cuidadora de uma pessoa senior como tem gerido os últimos tempos?
Com muita dificuldade, confinei a minha mãe quase totalmente; adoptei o teletrabalho até finalmente me demitir, quando alguns acontecimentos me fizeram questionar a segurança do local de trabalho.


"Acha boa ideia uma pessoa senior com varias patologias frequentar restaurantes (local fechado e com muitas pessoas sem mascara)?"

Não. Eu não o permito com a minha mãe. Ainda ontem fui com ela fazer o primeiro passeio em mais de 2 anos; fomos de carro, comemos no carro e quando utilizamos as casas de banho, fomos sempre com máscara. Continuo a usar máscara regularmente.
As refeições fora de casa (por causa de consultas ou assim), são com marmita (thermos com sopa, etc...)


Tendo dito isso, já abri excepções para um pingo na cafetaria do Continente, que era um hábito nosso. Mesmo assim, 1 ou 2 vezes por mês. Fora disso, vamos para a beira mar (sempre de carro, porque a minha mãe anda de cadeira de rodas) e levo uma thermos com o nosso pingo.


"E visitas em casa da pessoa senior, sabendo que essa visitas não têm cuidado algum no dia a dia e não terão cuidado durante a estada no local?"
Continua-me a preocupar. O meu irmão continua a usar máscara em casa dela. Mas já tive de chamar à atenção mais que uma pessoa para usar máscara.
É muito complicado, ela deseja as visitas e basicamente sinto-me entre escolher isolá-la (e infeliz) e arriscar a vida.

Por outro lado, estamos quase diariamente em hospitais.

Mas se algo acontecer, não pode ser porque EU o permiti. Não poderia viver comigo mesma.



"Desculpe a intromissão mas prezo muito a sua opinião e considero-a uma pessoa muito realista e responsável e estou a tentar perceber se não estarei a exagerar nos cuidados que tenho tido pois tenho sido severamente criticada e neste momento já não sei que atitude tomar."

Vivemos entre o medo, a ansiedade e a culpa de fazer e não fazer: estamos a isolá-las e a fazê-las infeliz? Estamos a arriscar as suas vidas?

Ontem, numa capa de um jornal, um cabeçalho do género: acabou a pandemia, começaram as festas; noutro: "Há cinco vezes mais mortes associadas à covid do que há um ano"

Eu adoptei uma postura defensiva, mas isso tem os seus custos, nomeadamente um sentimento de perpétua ansiedade e de medo de estar a contribuir para o isolamento dela de forma desnecessária.

"Sinto-me cada vez mais triste pois quando é preciso alguma coisa ninguém se oferece para ajudar mas para criticar..."

Tenho o mesmo sentimento. Sinto-me sozinha e sobrecarregada emocionalmente com estas decisões e com o dia a dia.

Espero ter ajudado, senão com informação, pelo menos com empatia.

Um abraço

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